Crise Internacional e Seus Reflexos
O recente ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares no Irã, ocorrido no último sábado (21), trouxe à tona preocupações sobre os impactos que a tensão no Oriente Médio pode ter no mercado internacional de petróleo. Apesar de especialistas considerarem remota a possibilidade de uma escalada maior nas hostilidades, as potenciais oscilações no preço do barril estão gerando alerta entre gestores municipais brasileiros, especialmente em localidades que dependem dos royalties do petróleo, como os municípios da Região dos Lagos.
Em entrevista à Folha dos Lagos, o economista e administrador da Petrobras, Leandro Cunha, destacou que, diante do aumento dos ataques dos EUA, a oferta global de petróleo poderia ser afetada. A região do Golfo Pérsico, responsável por cerca de 20% da produção mundial, pode ver suas operações interrompidas, especialmente se o Irã optar por fechar o estreito de Ormuz. Tal ação, que chegou a ser aprovada pelo parlamento iraniano, ainda aguarda a decisão do Conselho de Segurança Nacional Supremo do Irã.
“Caso o Irã decida fechar o estreito de Ormuz, isso causaria uma diminuição na oferta mundial de petróleo, resultando em um aumento do preço. A preocupação real é que a continuação dos ataques poderia levar a um cenário de altas consecutivas no preço do petróleo. Especialistas apontam que, em uma crise, o barril poderia chegar a 130 dólares”, alertou Leandro. No entanto, ele enfatizou que, apesar do ataque, a situação atual não sugere um aumento imediato nas tensões entre os dois países, embora a reação do Irã seja um fator determinante.
Impactos Locais e Expectativas para o Futuro
Leandro também comentou os possíveis efeitos dessa disputa internacional nas cidades brasileiras que são beneficiadas pelos royalties do petróleo, como Cabo Frio. Segundo ele, um aumento no preço do barril poderia resultar em maiores receitas para a Petrobras e, consequentemente, para os municípios. Porém, essa dinâmica também traria um aumento nos preços dos combustíveis, afetando diretamente a população.
“O Brasil é um exportador de petróleo; portanto, um aumento nos preços beneficiaria a Petrobras, mas seria prejudicial para os consumidores e empresas devido ao aumento no custo do combustível. O que se espera é que, em um cenário de estabilidade, os preços se mantenham baixos, evitando a diminuição da receita de royalties para as prefeituras. Atualmente, não há sinais de um acirramento nas tensões”, comentou.
Adicionalmente, se a ofensiva dos EUA contra o Irã não escalar, a expectativa é que o Brasil mantenha preços relativamente baixos e aumente a produção da Petrobras, sem grandes repercussões sobre as receitas dos royalties e a economia local. Leandro ainda frisou que a única mudança nesse quadro ocorrerá se a situação se agravar, o que, segundo ele, não parece ser o caso no momento.
Gestão Fiscal e Alternativas para Municípios
Para que os municípios produtores de petróleo não fiquem tão vulneráveis a esses cenários internacionais, Leandro sugere que os prefeitos adotem práticas de responsabilidade fiscal e busquem a diversificação econômica. Ele citou o exemplo de Maricá, que, apesar de receber royalties significativos devido à exploração do pré-sal, conseguiu manter uma gestão equilibrada, evitando desperdícios.
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“Maricá tem uma administração que, mesmo com a abundância de recursos, atua de forma responsável. O prefeito reduziu gastos e direcionou recursos para investimentos em infraestrutura e diversificação econômica. Essa abordagem deve servir como modelo para outras cidades”, observou Leandro, ressaltando a importância de uma administração eficaz para o desenvolvimento local e o bem-estar da população.
Outra alternativa para reduzir a dependência dos royalties do petróleo é a formação de um consórcio voltado para o turismo regional. Leandro destacou a necessidade de os municípios trabalharem juntos em ações que promovam o turismo e o comércio local, buscando diversificação econômica e proteção contra crises futuras.
“A região deve explorar seu potencial turístico com um consórcio que fomente atividades diversas, como a melhoria da navegabilidade de lagoas e o desenvolvimento de um calendário turístico regional. O governo do estado deve apoiar esse esforço, proporcionando planejamento integrado e aprimorando a infraestrutura local”, finalizou Leandro, propondo uma visão proativa para garantir um futuro econômico mais estável e diversificado para a Região dos Lagos.