Entendendo o Cenário Econômico para 2026
A chegada de um novo ano sempre traz a expectativa de melhorias, mas 2026 se apresenta com desafios persistentes para a economia brasileira. Com a taxa Selic mantida em dois dígitos como forma de combater a inflação, o endividamento das famílias e empresas continua a ser um fator que limita o crescimento econômico. As previsões indicam que, embora a economia de 2024 tenha mostrado uma recuperação em relação a 2023, em 2026 podemos esperar um crescimento abaixo do que será registrado em 2025.
No primeiro semestre deste ano, o desaquecimento da economia foi notável, impulsionado por uma série de fatores que devem reverberar nos meses seguintes. Entre eles, as medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos, que afetaram as relações comerciais e forçaram os países a se adaptarem a uma nova realidade. Essa reconfiguração no comércio internacional também teve impacto direto no valor do dólar, que disparou, pressionando a inflação e exigindo uma resposta em forma de juros elevados.
Flutuação do Dólar e Seus Efeitos na Economia
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Em janeiro, a cotação do dólar ultrapassou R$ 6,20, mas a partir de junho apresentou uma tendência de queda, fechando novembro a R$ 5,33, o que representa uma redução de cerca de 14%. Essa desvalorização da moeda americana tem contribuído para a estabilidade de preços nas indústrias que dependem de importações, além de influenciar positivamente o comportamento dos preços na cadeia produtiva.
Por exemplo, a inflação de outubro subiu apenas 0,09% em relação ao mês anterior, acumulando 4,68% em doze meses. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) também refletiu essa tendência de queda, com uma redução de 0,36% em outubro e -1,30% ao longo do ano. A redução dos preços no atacado, como evidenciado pelo Índice de Preços no Atacado (IPA) que contraiu 0,59%, e o Índice de Preços ao Produtor (IPP) que caiu 0,25%, são sinais de um cenário onde os consumidores se beneficiam de uma maior oferta de produtos, apoiados por boas safras agrícolas.
Impacto da Taxa de Juros no Consumo e Emprego
Por outro lado, a manutenção da Selic em 15,0% desde julho representa um desafio. Os juros reais permanecem altos, com a taxa média de crédito para pessoas físicas subindo de 32,25% em janeiro para 36,56% em outubro. Essa realidade tem consequências diretas no consumo e no crescimento do emprego, resultando em um saldo positivo de 1.678.025 novas contratações em 2024, embora este número represente uma diminuição em relação ao ano anterior.
Os dados indicam um crescimento modesto no comércio, com uma expectativa de crescimento entre 3,5% e 4,0% e eventos como Black Friday e Natal apresentando vendas estáveis. Questões surgem acerca de como essas promoções impactam o desempenho das vendas no final do ano. É importante destacar que a segunda parcela do décimo terceiro salário foi postergada para dezembro, podendo influenciar o comportamento do consumidor.
Expectativas para o Futuro: PIB e Inflação
As previsões para o final do ano ainda são cautelosas, com a expectativa de inflação em 4,45% e um crescimento do PIB de 2,16%. Para 2026, embora a inflação possa ceder, a expectativa é que permaneça acima da meta de 3,0%, com projeção de 4,18%. Essa realidade é um reflexo da resiliência dos preços, mesmo com a perspectiva de uma redução na Selic para 12% ao longo do ano.
Enquanto isso, o dólar deverá se estabilizar em torno de R$ 5,50, podendo registrar uma leve alta de 2%. A proximidade das eleições também levantará questões sobre a economia, uma vez que a demanda tende a aumentar devido aos gastos de campanha e produção relacionada. Apesar disso, a preocupação com o déficit fiscal e a dívida pública permanece, e mudanças significativas nesse cenário só devem ocorrer com novas direções políticas.
Assim, o futuro da economia brasileira em 2026 será marcado por desafios contínuos, especialmente com as restrições impostas pela política monetária e a manutenção de uma carga tributária elevada. Em suma, o mercado de trabalho pode enfrentar dificuldades, apresentando um crescimento mais lento em comparação com o observado em 2025, refletindo também nas vendas do comércio.

