Denúncias de Envolvimento com Milícias
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) aceitou, nesta segunda-feira (15 de dezembro), a denúncia apresentada pelo Ministério Público, tornando a deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, conhecida como Lucinha, e sua ex-assessora, Ariane Afonso Lima, rés em um caso de suposto envolvimento com a milícia identificada como ‘Bonde do Zinho’, que atua na zona oeste da capital fluminense.
De acordo com as alegações, Lucinha e Ariane estariam envolvidas em práticas que favorecem os milicianos que operam em áreas como Campo Grande, Paciência, Cosmos, Inhoaíba, Guaratiba e Santa Cruz. Um dos episódios que chamou a atenção da investigação ocorreu em julho de 2021, quando as acusadas forneceram informações confidenciais sobre a agenda de visitas do prefeito do Rio, Eduardo Paes, permitindo que os membros da milícia se retirassem das ruas durante a passagem do político.
Além disso, a denúncia também menciona tentativas de interferência junto ao prefeito e outros agentes do governo municipal para manter a chamada ‘Brecha da P5’ no transporte público alternativo. Essa brecha é considerada a principal fonte de receitas diretas para a milícia, permitindo que o grupo realize suas operações fora do itinerário oficial, o que aumenta a arrecadação dos serviços de vans.
Detalhes da Investigação
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A denúncia revela que Lucinha e Ariane receberam informações privilegiadas sobre investigações em andamento relacionadas a atividades criminosas, com o intuito de alterar o rumo das apurações e definir linhas de atuação. Além disso, a deputada teria prestado assistência a membros do ‘Bonde do Zinho’ que foram presos em flagrante em novembro de 2021, com o objetivo de garantir sua liberação.
Entre junho de 2021 e março de 2022, a relação das acusadas com líderes da milícia foi frequente, com encontros que ocorreram, em média, duas vezes ao mês. Durante essas reuniões, o foco era articular ações que permitissem a interferência na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Lucinha, em um movimento controverso, nomeou para seu gabinete, entre 2021 e 2023, membros e familiares de integrantes dessa organização criminosa.
Consequências e Afastamento
No final de 2023, a deputada Lucinha foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que revelou suas ligações com a milícia. Embora tenha sido inicialmente afastada do cargo por decisão judicial, a deputada foi rapidamente reintegrada por uma decisão dos colegas da Alerj.
As acusações contra Lucinha e Ariane incluem violação do artigo 288-A do Código Penal, conforme a Lei 12.850/12, que versa sobre a constituição de milícias privadas. A pena para esse crime pode variar entre 5 a 10 anos de reclusão, além de multas e possível perda do cargo público.

