Relatório Aponta Violações de Direitos Humanos
Um estudo recente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados trouxe à tona a polêmica operação policial que ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, resultando na morte de 122 pessoas no dia 28 de outubro. Com base no relatório, o presidente da comissão, deputado Reimont (PT-RJ), formalizou um pedido para que as investigações sejam federalizadas, citando o que foram consideradas graves violações de direitos humanos.
No início do documento, a comissão enfatiza que os eventos descritos violam a Constituição Federal e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. “É dever do Estado prevenir, investigar e reparar. A federalização do caso é uma necessidade jurídica e moral”, declarou Reimont, ressaltando a importância da responsabilidade estatal em casos de violência.
Relatos Alarmantes Durante Visita ao IML
Leia também: Relatório da CDHC da Alerj Aponta 383 Violações de Direitos Humanos em 2025
Fonte: agazetadorio.com.br
Leia também: MP do Ceará Promove Cultura de Paz nas Escolas com o Projeto “Conexões Pacíficas”
Fonte: odiariodorio.com.br
No decorrer de uma visita ao Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, parlamentares ouviram denúncias de violência extrema atribuída a agentes do Estado. Uma das histórias mais impactantes foi a de uma mãe que contou ter entregue seu filho à polícia, somente para encontrar seu corpo decapitado dias depois. O relatório também menciona que diversas vítimas apresentavam pulsos amarrados, sugerindo uma possível execução após rendição, além de ferimentos por facadas, um padrão que já foi denunciado como característico das ações do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
Desorganização e Falhas no Atendimento às Famílias
O documento também critica a desorganização no atendimento às famílias das vítimas, apontando falhas no registro de informações e um colapso na estrutura do IML, o que aumentou o sofrimento dos parentes e dificultou a preservação de evidências. Essa situação caótica reflete a falta de planejamento e a necessidade urgente de reformulações no sistema de segurança pública, que, segundo a comissão, não apenas falha em proteger os civis, mas também coloca em risco a vida dos próprios policiais.
Além das perdas civis, o relatório também menciona a morte de cinco policiais durante a operação. A comissão alerta que os agentes foram expostos a riscos extremos, sem a devida preparação, estrutura médica ou logística adequada para garantir a segurança dos envolvidos.
Violação de Direitos e Demandas por Investigação Independente
O relatório enumera uma série de direitos fundamentais que foram infringidos, incluindo o direito à vida, a proibição da tortura, a integridade física de indivíduos sob custódia do Estado, o devido processo legal, a proibição de execuções arbitrárias e o não cumprimento de normas internacionais sobre o uso proporcional da força, conforme estabelecido pela ONU.
Diante da gravidade dos fatos apresentados, a comissão enviou ofícios ao Supremo Tribunal Federal (STF), à Procuradoria-Geral da República (PGR), ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, e à Polícia Federal, solicitando uma investigação independente. A preservação imediata das provas, a atuação de peritos externos e a federalização do caso foram destacadas como medidas essenciais para garantir a justiça.
Apelo à Sociedade e à Democracia
“O que vimos é incompatível com qualquer democracia. O Brasil precisa saber o que aconteceu e o Estado deve respostas imediatas. A dor que essas mães carregam não pode ser normalizada. O Parlamento não pode se calar diante de tortura, execução e desaparecimento,” afirmou Reimont, ao enfatizar a solidariedade da comissão tanto às famílias das vítimas civis quanto aos policiais que perderam a vida na operação. O clamor pela verdade e pela justiça se torna cada vez mais urgente em um cenário onde os direitos humanos são frequentemente desrespeitados.

