Relações Turbulentas entre EUA e Brasil
Uma piada clássica retrata um soldado que marcha com o pé direito, enquanto todos os outros seguem com o esquerdo, convencido de que os errados são os demais. Ao observar as sanções e taxações impostas pelo governo Trump sobre o Brasil, não consigo evitar a sensação de que estou naquele mesmo soldado. Apesar da narrativa predominante na mídia, minha intuição me leva a discordar profundamente.
Os Estados Unidos, com uma das mais sofisticadas estruturas de inteligência do planeta, possuem agências como a CIA e a NSA, além de embaixadas e consulados que os mantém informados sobre o que acontece ao redor do mundo. Esse aparato de vigilância não é novidade; recordemos o caso de Edward Snowden, que, em 2013, revelou que até a então presidente Dilma Rousseff foi alvo de espionagem. Portanto, é difícil acreditar que Trump dependa das informações fornecidas por Eduardo Bolsonaro, um deputado brasileiro envolvido em interesses pessoais, para tomar decisões sobre o Brasil.
Motivações por trás das Sanções
Na verdade, Trump, com acesso a uma vasta gama de dados globais, certamente tem ciência de que Eduardo busca proteger seu pai, Jair Bolsonaro, de questões legais. Apesar de tudo, o presidente dos EUA continua a complicar o comércio com o Brasil e impõe sanções às autoridades brasileiras. A questão que fica é: qual a razão por trás disso? É pertinente lembrar a frase de um político experiente do Pernambuco: “Quando os eleitores acham que entenderam uma ação de seus representantes, estão, na verdade, enganados.” Essa reflexão se aplica tanto aqui quanto nos Estados Unidos.
É evidente que Donald Trump, um magnata dos negócios, compreende que as sanções econômicas direcionadas ao Brasil, um país já com déficit comercial em relação aos EUA, não trarão benefícios financeiros. A médio prazo, essas medidas podem levar a um desabastecimento, elevação da inflação e, consequentemente, um aumento do desemprego entre os cidadãos americanos. Então, por que ele age desta forma? Qual a relação entre essas ações e a liberdade do ex-presidente Bolsonaro?
A Amizade Questionável
Minha curiosidade sobre a natureza da amizade entre Trump e Bolsonaro só aumenta. Que tipo de laço é esse? Eles realmente se encontram, trocam convites para celebrações familiares, se presenteiam em aniversários, viajam juntos ou jogam golfe? Como se comunicam? Existe um contexto maior que justifique essa relação?
É como diria o Barão de Itararé: “Há algo no ar além dos aviões de carreira.” Sem dúvida, deve haver um interesse estratégico ou econômico significativo por trás dessa conexão. Entretanto, não consigo acreditar que se trate de algo trivial.
Implicações Políticas e Judiciais
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Ademais, Trump é plenamente ciente de que o governo brasileiro não tem controle sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), que é um poder independente. Por que, então, ele continua a associar a renegociação de impostos de importação à absolvição do ex-presidente Bolsonaro em relação à tentativa de golpe de estado? É difícil aceitar que isso se deva apenas à relação com os Bolsonaro. A motivação parece estar ligada a interesses pessoais, como a proteção da família.
No fundo, voltando à piada do soldado, prefiro marchar com o pé “errado” se isso significar refletir criticamente sobre a situação. Há muitos fatores ocultos nesses acontecimentos que, sem dúvida, só serão revelados com o distanciamento histórico necessário.