A História de Volta Redonda e Seu Desenvolvimento
Volta Redonda, com sua rica história de emancipação, surgiu em torno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que foi estabelecida na década de 1940. Essa indústria não apenas consolidou a cidade como um marco na industrialização brasileira durante a Era Vargas, mas também desempenhou um papel crucial no planejamento urbano. O governo federal, na época, optou pelo modelo de ‘company-town’, onde a companhia assumia a responsabilidade pela infraestrutura comunitária. De acordo com Lima (2008), tal modelo cria uma ‘minicidade’ que abrange habitação, comércio, escolas e áreas de lazer sob a administração da empresa. Assis (2013) complementa ao afirmar que essa estrutura gerou uma comunidade onde a CSN detinha amplo controle sobre o mercado imobiliário e os serviços urbanos.
O projeto urbanístico de Volta Redonda é creditado ao urbanista Atílio Corrêa Lima, que, inspirado pelo urbanismo francês e pela ‘cidade industrial’ de Tony Garnier, buscou um design funcional e modesto. Para ele, a cidade deveria refletir a simplicidade e a eficiência, evitando a monumentalidade, o que se concretizou na disposição das áreas de habitação, trabalho e lazer. Esse planejamento também foi um reflexo das intenções do governo brasileiro, que pretendia criar um modelo para a nova sociedade urbana e industrial em ascensão.
A presença da CSN moldou a cidade de diversas maneiras, conforme observado por Fontes e Lamarão (2006), que notam que as praças e igrejas tradicionais foram substituídas pela Usina, localizada no coração da cidade. Assis (2013) reforça que, embora a cidade fosse inspirada na falta de templos religiosos, a influência da Igreja ainda se manifestou na construção de um local de culto em uma área mais elevada e afastada do centro urbano.
Transformações Urbanas e Sociais na Cidade
A relação entre os polos urbanos e fabris foi uma constante na história da cidade. Lopes (1993) argumenta que a urbanização tinha como objetivo estabelecer uma nova dinâmica entre capital e trabalho, promovida pelo Estado, que se esforçava para garantir serviços essenciais à população. Esse arranjo estabelecia uma conexão direta entre as residências e os espaços de trabalho, criando uma extensão da fábrica dentro da vida cotidiana dos habitantes.
O planejamento da cidade também refletiu uma segregação residencial que evidenciava a hierarquia da usina. A ‘cidade nova’, sob a administração da CSN até 1967, foi projetada para acomodar colaboradores de diferentes níveis hierárquicos. Lask (1991) descreve essa configuração como um ‘estado em miniatura’, uma vez que a CSN controlava não apenas o espaço urbano, mas também exercia influência na vida social e política local. As áreas de habitação foram definidas com base na posição de cada funcionário dentro da empresa, resultando em uma distribuição desigual entre os bairros operários e os de classe média.
A Influência Cultural e Educacional
Desde os seus primórdios, a CSN desempenhou um papel significativo na educação da força de trabalho local, estabelecendo a Escola Técnica da CSN em 1944, que posteriormente se tornou a Escola Industrial Pandiá Calógeras. Além disso, o esforço por educação se estendeu a outras instituições, como o Colégio Nossa Senhora do Rosário e o Colégio Macedo Soares, que foram administrados por congregações religiosas. Essa relação entre a empresa e a Igreja foi fundamental para a formação de uma comunidade educacional sólida.
Na esfera esportiva, a CSN também se destacou ao criar o RTGV e patrocinar vários clubes amadores na cidade, contribuindo para a vida social local. Contudo, em 1967, com a transferência das responsabilidades urbanas para a prefeitura, a CSN enfrentou desafios financeiros que levaram a mudanças significativas na dinâmica de controle da cidade.
Nos Dias Atuais: Uma Cidade Universitária em Expansão
Hoje, Volta Redonda é reconhecida como um polo universitário, atraindo milhares de estudantes anualmente. A cidade abriga diversas instituições de ensino superior, como o Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), o Centro Universitário Geraldo Di Biase (UGB-FERP), e a Faculdade Sul Fluminense (FASF), além de campi da Universidade Federal Fluminense (UFF). Essas instituições têm um papel crucial na formação de uma mão de obra qualificada que atende às demandas do mercado em constante transformação.
A cidade, que concentra um grande número de estudantes, também se beneficia economicamente. Comércio local, como restaurantes, supermercados e serviços de aluguel, experimentam crescimento impulsionado pela presença universitária. Além disso, iniciativas inovadoras, como o Hospital da FOA, que realiza cirurgias robóticas pelo SUS, destacam-se como exemplos de progresso na área da saúde.