Impacto da Intoxicação por Metanol nas Atividades de Lazer
Praia, samba e futebol: essa combinação ícone da cultura carioca não só atrai turistas, mas também traz orgulho aos moradores do Rio. A caipirinha, bebida símbolo da cidade, é presença garantida em qualquer ocasião — seja na orla, durante uma roda de samba ou enquanto se torce por um time de futebol. No entanto, uma recente onda de intoxicações por metanol em bebidas adulteradas já interrompeu esse prazer, resultando em seis mortes confirmadas em São Paulo e outras duas em investigação em Pernambuco. Isso provoca apreensão também no cotidiano carioca. Até a noite de ontem, a Secretaria Municipal de Saúde não havia registrado casos na capital fluminense, mas o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) alertou sobre a situação em unidades de saúde.
As autoridades públicas estão mobilizadas para monitorar a situação e evitar o pânico entre a população. Contudo, muitos cidadãos começaram a adotar suas próprias medidas de segurança. Guilherme Floriano da Penha, um motorista de aplicativo de 29 anos, estava na Praia de Copacabana com amigos e decidiu levar bebidas que comprou com cautela. “Pelo menos essas eu sei de onde vieram”, afirmou ele, referindo-se ao uísque que levou.
Queda nas Vendas e Reação do Comércio
Leia também: Intoxicação por Metanol Aumenta Pressão no Mercado de Bebidas em Minas Gerais
Fonte: soudebh.com.br
Leia também: Número de Óbitos por Intoxicação por Metanol em São Paulo Atinge 5 Casos
Fonte: olhardanoticia.com.br
No Arpoador, Maria Eduarda Santos, vendedora de caipirinhas, notou uma drástica redução na sua clientela. Desde o anúncio das mortes, a venda de seus drinques caiu pela metade. “Antes eu vendia pelo menos 20 doses por dia, agora não passa de dez”, lamentou.
Isabela Bernardo, uma barraca tradicional na praia, também vive a incerteza. “Confio no meu fornecedor, mas a situação me faz pensar duas vezes. Vou guardar todas as notas fiscais e evitar compras avulsas”, assegurou. O tema da segurança das bebidas ganhou força entre comerciantes, levando alguns a se pronunciarem nas redes sociais para tranquilizar os clientes.
Flávio Datz, proprietário da rede La Carioca Cevicheria, comentou sobre a importância de garantir a segurança dos produtos. “Nossos fornecedores são registrados e temos notas fiscais que identificam cada lote. Esses momentos de crise pedem transparência”, afirmou. Além disso, estabelecimentos conhecidos, como o bistrô Guimas e o Rio Scenarium, também reforçaram o compromisso com a procedência das bebidas em suas comunicações.
Consumidores em Alerta
Leia também: Crescimento Alarmante da Ludopatia no Brasil: Números do SUS Revelam Preocupante Aumento
Fonte: alagoasinforma.com.br
Os clientes, por sua vez, também reagem de maneira diferente. Enquanto Diego Morada, frequentador do bar Sarau Rio, se sentiu inseguro ao pensar na adulteração de bebidas de rua, Mateus Carpenedo optou por evitar destilados e preferiu cerveja na Tijuca. “É complicado. Tem muita gente querendo ferrar os outros”, desabafou ele.
Por outro lado, a advogada Yasmin Mello, que estava consumindo gim, não demonstrou preocupação imediata, justificando que a situação se restringe a São Paulo, onde ocorreram os casos de intoxicação. “Tendemos a achar que nunca vai acontecer com a gente, mas é claro que corremos riscos”, disse.
Fiscalização e Medidas Preventivas
A fiscalização das bebidas em todo o município foi intensificada ontem, com a Prefeitura do Rio regulamentando uma lei de 2018. Agora, a cidade poderá fiscalizar diretamente fabricantes de destilados, cervejas e outras bebidas, um papel até então exclusivo da União. O plano inclui a supervisão de 67 fábricas, das quais cinco são dedicadas a destilados.
A Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) se uniu à Secretaria Estadual de Defesa do Consumidor para lançar uma cartilha orientando o público sobre como identificar bebidas adulteradas e evitar riscos. Dentre as dicas, a cartilha destaca o cuidado com rótulos, tampas e o preço das bebidas, além de sugerir que os consumidores conheçam a origem de onde compram suas bebidas.
Vivemos tempos desafiadores em que a segurança alimentar e a confiança no que consumimos são mais importantes do que nunca. A proteção da saúde deve ser a prioridade, e a conscientização é essencial para evitar tragédias como as que estamos acompanhando.