Conflito na Escola e Relatos Divergentes
As famílias dos dois jovens envolvidos em uma briga na Escola Municipal Professor Edilson Duarte, localizada no bairro Jardim Caiçara, em Cabo Frio, expuseram narrativas distintas sobre o incidente ocorrido na última segunda-feira (4), durante o horário escolar. De um lado, a mãe da aluna afirma que sua filha foi agredida de forma severa por um colega de classe. Por outro lado, os parentes do adolescente alegam que ele se esforçou para evitar a briga e acabou sendo atacado assim que saiu do banheiro.
A mãe da adolescente conta que sua filha havia desenhado uma personagem de anime no quadro da sala de aula. Segundo seu relato, o colega apagou o desenho e, subsequentemente, afirmou a outra aluna que a menina portava uma navalha e tinha a intenção de cortá-la. “Ele queria incitar uma briga entre duas meninas. Mas como não conseguiu, minha filha foi tirar satisfação com ele, para entender o motivo de ter espalhado que ela carregava uma navalha”, explicou.
Agravamento da Situação
De acordo com a mãe, a adolescente nunca teve relações de amizade ou rivalidade com o menino. “Eles nunca tinham interagido, mesmo sendo da mesma turma”, ressaltou. Ela detalhou que, no desenrolar da discussão, a filha desferiu um soco no colega. Após isso, conforme seu relato, o jovem reagiu puxando os cabelos da garota, derrubando-a e intensificando as agressões.
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O momento culminante, segundo ela, aconteceu quando a filha, já no chão, recebeu um pisão no rosto. “Nada justifica o soco que ela deu, mas também não justifica pisar na cara de alguém que já estava imobilizado; isso configura lesão corporal e houve a intenção de ferir”, expressou.
A mulher ainda criticou os argumentos apresentados pelos familiares do garoto, que alegaram que ele faz tratamento psicológico e usa medicação controlada. Para ela, “isso não isenta o agressor de suas responsabilidades”. A mãe mostrou preocupação com a possibilidade de comportamentos violentos se repetirem: “E se amanhã ele aparecer em uma notícia por ter agredido outra pessoa? O agressor não se torna assim sem uma razão, ele já traz isso dentro de si”, comentou.
O adolescente foi apreendido pela Polícia Civil, através de agentes da 126ª Delegacia de Polícia (126ª DP), em cumprimento a um convênio com a Prefeitura de Cabo Frio. A vítima foi encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML), onde um exame confirmou as lesões.
Testemunhos e Novas Revelações
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Um segundo vídeo que circulou nas redes sociais mostra a adolescente com um objeto em mãos momentos antes da briga. Testemunhas especularam que poderia ser um canivete, mas a mãe da jovem nega que ela estivesse portando qualquer objeto cortante. Ela afirmou que não defende a atitude da filha, mas deseja que “a justiça seja feita”.
Por outro lado, a família do adolescente apreendido afirma que o jovem tentou evitar a briga e que foi atacado assim que deixou o banheiro. Eles alegam que a gravação amplamente divulgada representa apenas uma parte da situação, não mostrando o início do conflito. “O vídeo é editado. Ele só aparece chutando a menina, mas a verdade está na gravação completa”, sustentaram.
Os familiares do menino relatam que ele estava no banheiro quando uma funcionária da escola o orientou a sair. Segundo eles, o adolescente havia antecipadamente informado aos funcionários sobre a ameaça de agressão por parte da colega. “Ele disse à funcionária que a menina queria bater nele, mas quando saiu, ela partiu para cima”, afirmaram.
Repercussões e Consequências
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Após a briga, o adolescente deixou a escola e procurou ajuda em um abrigo. “Ele foi direto até lá, não fugiu”, explicou um dos parentes, afirmando que o abrigo contatou o CAPSi para acompanhamento psicológico do jovem.
Sobre as alegações de ameaça por parte da colega, a família do menino confirmou que houve comentários sobre a presença de um objeto cortante. “Ela disse que iria matá-lo. Mas isso é típico de adolescentes, na raiva. Outras crianças comentaram que ela estava com um canivete”, contaram.
A família do adolescente também negou que ele tenha problemas de saúde mental, afirmando que ele apenas usa medicação para ansiedade. Apesar de defenderem o filho, reconhecem que ele cometeu um erro ao agredir a menina. “Não estou defendendo meu filho. Ele está errado ao chutar. Homem não deve agredir ninguém”, concluiu um parente.
O jovem permanece apreendido e será ouvido pelo Ministério Público, conforme as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).