Os Impactos Econômicos da Violência no Brasil
O cenário econômico brasileiro é dramaticamente afetado pelo crime, que causa prejuízos que podem chegar a impressionantes R$ 1,5 trilhões aos cofres públicos. Recentemente, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, autorizou a retomada de investigações relacionadas ao financiamento do crime organizado, destacando a necessidade urgente de abordar essa realidade complexa.
Com um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apontando que o crime e a violência consomem cerca de 3,4% do PIB da América Latina, o Brasil destaca-se como um dos países mais afetados. Além disso, uma análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que o custo anual da violência no Brasil soma 5,9% do PIB, equivalente a R$ 373 bilhões em 2019.
Custos Ocultos e a Economia Subterrânea
Os custos associados à violência vão além das despesas diretas com segurança e policiamento; incluem também as vidas perdidas, a produtividade comprometida e a confiança da população. Para muitos economistas, esse cenário representa uma verdadeira macroeconomia paralela, que o Brasil não escolheu, mas que precisa enfrentar.
Recentemente, pesquisas indicaram que as empresas gastam cerca de 1,7% do PIB apenas para se protegerem do crime. Contudo, esses números não abarcam a dimensão completa do problema, pois muitos custos sociais permanecem invisíveis nas contabilidades.
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O Ipea considerou a estimativa de 5,9% do PIB como um piso para os custos sociais da violência. De acordo com análises mais recentes, a realidade pode ser ainda mais grave, com perdas que reduzem o PIB anual em até 11%, o que representa um montante superior a R$ 1 trilhão.
O Comércio Ilegal e suas Consequências
A economia subterrânea, que abrange atividades não registradas, teve um valor estimado de R$ 1,7 trilhão em 2022, correspondendo a 17,8% do PIB brasileiro. Embora nem toda atividade informal seja ilegal, a ausência de regulamentação facilita práticas como contrabando, fraude fiscal e lavagem de dinheiro.
Dados de uma pesquisa recente revelaram que o comércio ilícito, incluindo contrabando e pirataria, custou ao Brasil cerca de R$ 468 bilhões em 2024. Esses números, que abrangem perdas de vendas e impostos não pagos, demonstram como a ilegalidade afeta a economia formal e debilita o sistema tributário.
As Perdas no Setor Logístico
O setor de logística é um dos mais impactados por essa dinâmica criminosa. Em 2024, foram registrados 10.478 roubos de carga, resultando em perdas estimadas de R$ 1,2 bilhão. Além disso, quando se incluem roubos e fraudes relacionados ao combustível, o prejuízo anual sobe para R$ 29 bilhões, custos que inevitavelmente são repassados aos consumidores.
Os roubos, concentrados principalmente no Sudeste, forçam empresas a investir em segurança, como rastreadores e comboios blindados, o que encarece ainda mais a operação e o transporte de mercadorias, impactando diretamente o preço final pago pelo consumidor.
Crime Ambiental e seus Efeitos Econômicos
A ilegalidade na exploração ambiental é outra faceta deste panorama preocupante. O Instituto Escolhas mostrou que entre 2015 e 2020, o Brasil comercializou 229 toneladas de ouro de origem suspeita, muitas vezes ligadas a áreas de proteção ambiental e terras indígenas. Essa prática não apenas prejudica o meio ambiente, mas também representa uma significativa perda de receitas na forma de impostos e royalties.
Em um estudo do Climate Policy Initiative, a perda de geração de energia nas usinas hidrelétricas devido ao desmatamento foi estimada em cerca de R$ 1 bilhão anualmente, além dos R$ 186 bilhões em perdas na agricultura relacionadas a mudanças climáticas.
A Realidade do Imposto Oculto
Embora os estudos não consigam capturar a totalidade da economia criminosa, é possível compor uma estimativa que alcança entre R$ 1,3 trilhão e R$ 1,5 trilhão por ano, representando aproximadamente 12% a 14% do PIB brasileiro, similar ao tamanho das economias de Portugal ou da República Tcheca.
Esses custos do crime funcionam como um imposto oculto, que impacta de forma desproporcional as camadas mais vulneráveis da sociedade. O combate à ilegalidade, portanto, não é apenas uma questão de segurança, mas um imperativo econômico, essencial para garantir investimentos em áreas fundamentais como educação e saúde.
A Resposta das Autoridades
Recentemente, o Ministério da Fazenda iniciou um movimento para acelerar a tramitação de projetos de lei que visam coibir a evasão fiscal e fortalecer as ferramentas de combate ao crime organizado. Este é um sinal de que as autoridades estão começando a reconhecer a gravidade do problema e a necessidade de uma abordagem sistêmica para combater a ilegalidade.
As operações de combate ao crime organizado, como a Operação Carbono Oculto, mostram que as instituições brasileiras estão se mobilizando para enfrentar essa questão de forma mais estruturada. Frente a um problema que se mede em trilhões, é essencial que a luta contra o crime seja vista como uma prioridade na agenda econômica do país.

