jovens e Saúde Mental: Um Desafio Ignorado
Um recente estudo conduzido pela Fiocruz revelou que uma quantidade alarmante de jovens, especialmente aqueles entre 15 a 29 anos, não busca atendimento médico para questões de saúde mental, mesmo sendo esse o grupo mais necessitado. O coordenador da Agenda Jovem da Fiocruz, André Sobrinho, expressou a preocupação com a falta de escuta e validação que essa faixa etária enfrenta, frequentemente rotulada como ‘frescura’ ou ‘mimimi’. Contudo, a pesquisa destaca que esses jovens estão, na verdade, nomeando e reconhecendo os problemas que fazem parte da sua vivência contemporânea.
Os dados coletados indicam que os jovens são os mais hospitalizados devido a problemas de saúde mental. Para aqueles na faixa etária de 20 a 24 anos, a taxa de internação é de 625 para cada 100 mil habitantes, enquanto que, para a faixa de 25 a 29 anos, essa cifra sobe para 720. Esses números são significativamente superiores aos da população adulta, evidenciando uma necessidade urgente de atenção a essas demandas.
A trajetória de vida dos jovens está repleta de desafios, como a conclusão de estudos, a busca por emprego e a formação de novas famílias. Cada um desses passos traz consigo expectativas que, muitas vezes, se tornam uma pressão avassaladora. A dificuldade em conseguir um emprego, por exemplo, gera uma ansiedade considerável, alimentada também pelas redes sociais. “É fundamental conversar sobre esses assuntos”, destaca Sobrinho.
Na reportagem da Fiocruz, a voz de adolescentes foi manipulada por inteligência artificial para garantir a privacidade de suas identidades. Uma jovem relatou: “Muita gente sofre em silêncio dentro de casa e não procura ajuda. Eu não conseguia até que conversei com minha madrasta, que me levou ao hospital, onde fui encaminhada para tratamento.”
Curiosamente, apesar de serem os mais internados, os jovens são os que menos buscam serviços básicos de saúde mental. Apenas 11% dos atendimentos realizados para essa faixa etária são direcionados a questões psicológicas, em contraste com quase 25% da população geral. Essa discrepância revela barreiras significativas na busca por assistência.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito através dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), um recurso vital que, segundo depoimentos, pode fazer uma grande diferença na vida dos jovens. “Foi muito importante para mim. Desde que entrei aqui, mudei bastante. Eu me apaixonei pelo lugar e isso me motivou a querer ser psicóloga. É incrível este espaço”, comentou um jovem.
Acolher essas novas vozes é fundamental, pois entre a expectativa e a realidade, existe uma pessoa. Sobrinho enfatiza a importância de desenvolver estratégias de autocuidado: “É essencial entender que há uma diferença entre expectativas e a realidade concreta. Proteger a saúde mental é crucial para continuar perseguindo projetos de vida.”

